EDUCAÇÃO
Escolas Municipais de Imperatriz participam do Torneio SESI de Robótica
As escolas desenvolvem robôs para competir no torneio, com foco na inovação e inclusão
Publicado em: 11/02/2025 por Matheus Cardoso Lima
Equipe da Escola Municipal Marley Sarney em treinamento intensivo para os desafios do torneio. (Foto: Assessoria)
Além dos muros das escolas e por meio da superação das barreiras da comunicação, as escolas municipais de Imperatriz estarão presentes no Torneio SESI de Robótica FIRST® LEGO® League Challenge (FLL) - Regional Maranhão, com a participação de 17 alunos, divididos em três equipes. Formadas por estudantes e professores técnicos das Escolas Municipais Wady Fiquene, Marley Sarney e Educação Bilíngue para Surdos Professor Telasco Pereira Fialho, a educação municipal de Imperatriz atinge marcos importantes, com a participação inédita de um time exclusivamente formado por meninas surdas. A competição, que promove a inclusão e valoriza o aprendizado, ocorrerá nos dias 15 e 16 de fevereiro de 2025, em São Luís, e contará com mais de 100 equipes de escolas públicas e privadas de dez estados. O evento visa o desenvolvimento de habilidades em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) e fortalece a educação tecnológica.
A Secretária Municipal de Educação, Genilza Sipião, destacou a importância da robótica como ferramenta para estimular a criatividade, o raciocínio lógico e o desenvolvimento nas áreas de ciência e tecnologia. Além disso, a secretária enfatizou a relevância da inclusão, ao expressar sua alegria pela participação das alunas surdas. “É com grande satisfação que celebramos esse momento, pois sabemos que a educação inclusiva é fundamental para garantir que todos os nossos alunos tenham as mesmas oportunidades de aprender e se desenvolver”. Genilza aproveitou a oportunidade para agradecer o empenho das equipes, da coordenação de robótica da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e, especialmente, ao apoio do prefeito Rildo Amaral, cujo comprometimento foi essencial para garantir a participação das equipes na competição.
A coordenadora do Setor Ciência e Inovação - Robótica, da Semed, Conceição de Maria dos Santos Oliveira, ressaltou que o diferencial do Torneio SESI está mais no processo de aprendizagem do que no resultado final: “O que vale muito nesse campeonato é o processo que o aluno percorreu até chegar lá, e não apenas o resultado final”. Ela destacou ainda que, ao longo dessa jornada, os alunos desenvolvem habilidades essenciais como trabalho em equipe, criatividade e resolução de problemas, aspectos fundamentais para sua formação integral.
A equipe da Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos Professor Telasco Pereira Fialho é formada por seis meninas surdas. A gestora da escola, Elisandra Lima, explicou que a formação do time de robótica foi espontânea. Durante as atividades com os grupos, as professoras perceberam o interesse e as habilidades das alunas na área de tecnologia e, assim, o time foi criado.
Elisandra destacou a importância do empoderamento das alunas: “Começamos a empoderar a nossa equipe, explicando para elas que, mesmo no meio de ouvintes, elas poderiam levar o que aprenderam sobre robótica e, além disso, levar a língua de sinais, a Libras, para os demais”. A gestora ressaltou que a inclusão de alunos surdos em diversas atividades serve como exemplo para outras instituições. “Eles podem se desenvolver em várias áreas além das que já estão inseridos, rompendo barreiras de comunicação”, afirmou.
A aluna Emilly Rihanna Lima Morais, de 13 anos, compartilhou sua visão sobre participar do evento: “A comunidade surda, infelizmente, ainda é a minoria que tem acesso ao conhecimento sobre robótica e novas tecnologias. Isso precisa mudar. Nós somos privilegiadas por termos acesso a um ambiente de ensino especializado, e isso é muito importante para a nossa formação”.
As professoras e técnicas responsáveis pela equipe, Sara Lopes da Silva e Bianca Letícia Farias Santos, destacaram os desafios enfrentados para adaptar o ensino de robótica ao público surdo. Elas explicaram que a maior dificuldade está na tradução entre português e Libras, o que exige um esforço extra para tornar as informações acessíveis. Bianca Santos, também surda, mencionou que a interação com equipes compostas principalmente por ouvintes traz uma nova perspectiva para todos os envolvidos.
Em relação a um projeto desenvolvido por elas, as alunas criaram uma placa informativa adaptada para alertar sobre a presença de ninhos de tartarugas marinhas. Emilly Rihanna explicou que, de acordo com pesquisas, as pessoas pisavam nos ninhos porque não sabiam onde estavam localizados. Por isso, a equipe construiu uma placa informativa, adaptada também para pessoas surdas, que contém luzes e um sensor. Quando as pessoas se aproximam, o sensor avisa que ali não pode pisar, pois há ninhos de tartarugas marinhas, e elas precisam ter cuidado, já que anteriormente os ninhos eram destruídos.
Para garantir a acessibilidade, duas intérpretes de Libras da escola acompanharão as alunas surdas durante o evento, para facilitar a comunicação com os juízes. A coordenadora do Setor de Ciência e Inovação - Robótica da Semed, Conceição Oliveira, explicou que o processo de avaliação será o mesmo para todas as equipes. Ela ressaltou que, ao falar em equidade, não é possível adotar critérios diferenciados.
O Torneio SESI de Robótica FIRST® LEGO® League Challenge (FLL) Regional Maranhão, edição 2024/2025, tem como tema "Submerged" e convida alunos de 9 a 15 anos a explorar o fundo dos oceanos. O objetivo da competição é incentivar os participantes a desenvolver soluções inovadoras para problemas ambientais, como a poluição marinha e a preservação dos habitats oceânicos, com os conceitos de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Equipes de diversos estados, como Alagoas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Piauí, Sergipe e Tocantins, confirmaram presença no torneio.
Na competição, as equipes criam robôs baseados na tecnologia LEGO® SPIKE™ Prime, que devem cumprir diversas missões e são avaliadas de acordo com valores essenciais como respeito e competição amigável. O torneio é dividido em duas etapas: o desafio da mesa, no qual o robô tem 2 minutos para realizar a maior quantidade possível de funções, e a apresentação do projeto, em que os alunos detalham o processo de criação e as pesquisas realizadas, sem a participação dos professores técnicos.
A principal exigência é que os alunos mostrem autonomia, apresentem seus projetos sem a intervenção de adultos “O aluno tem que mostrar que não depende de um adulto para realizar as tarefas. Nós estamos lá apenas para observar”, afirmou Conceição Oliveira.
As três equipes das escolas municipais de Imperatriz realizaram diversas pesquisas sobre o tema da competição para construir seus robôs e buscaram parcerias científicas. O professor da Escola Municipal Marley Sarney, Alex Liniker Silva Costa, explicou que a equipe contou com a colaboração do oceanógrafo Jorge Luiz, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), para obter orientações sobre o trabalho no litoral e os oceanos. O robô desenvolvido pela equipe tem rodas pequenas e sem borracha, o que garante maior aderência e equilíbrio durante as missões. O professor enfatizou que o aprendizado vai além da robótica, envolve trabalho em equipe, pesquisa científica e o desenvolvimento do raciocínio lógico.
Um robô compacto e otimizado, projetado para executar todas as tarefas propostas, é o foco do projeto conduzido por alunos da Escola Municipal Wady Fiquene. Sob a orientação do professor Dyego Sousa Dias Vilela, a equipe se dedicou a intensivos treinamentos diários, incluindo fins de semana, além de realizar pesquisas de campo para aprimorar ainda mais o desempenho do protótipo. Para o docente, os principais aprendizados são a aquisição de competências como trabalho em equipe, oratória, elaboração de projetos científicos e aprimoramento das habilidades sociais e cognitivas.
A Prefeitura de Imperatriz, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), reafirma seu compromisso de expandir e fortalecer o ensino de robótica nas escolas municipais. Entre as metas para 2025 estão investimentos na capacitação de professores, ampliação dos laboratórios de robótica e incentivo à participação dos alunos em eventos externos, com o objetivo de promover uma educação mais inovadora e alinhada às novas tecnologias.
Vamos torcer pelas equipes de robótica das Escolas Municipais de Imperatriz!